Ouviu um ruído, mas ainda não era a porta a abrir-se. Maristela tentava não ter medo. Afinal, gente grande não tem medo. Sentiu uma dor forte no estômago. Pensou que tinha fome e lembrou-se dos biscoitos da avó. Tão doces. E neste momento, sentiu o estômago a contrair-se mais. Lembrou-se novamente do gato. "Tens de ter atenção às coisas que fazes! Ai de ti, se me aprontas mais uma!"E lá estava ela, mais uma vez...
Desta vez era a vidraça que se partira. Esqueceu-se da janela aberta, o vento deu-lhe com força e pronto... estilhaços de vidro espalhados pelo chão. Como podia ser possível?? Como assim ela nunca fazia nada direito?? Nem era pelo vidro. Nem era pelo gato. Era por ter que admitir, mais uma vez: errei. Ter de dizer mais uma vez: sim, foi culpa minha, desculpe-me.
Sentia frio. Levantou-se mas não conseguia sair do lugar. Aquela maçaneta já merecia ser trocada... fazia demasiado barulho ao girar. E era dura. A porta abriu-se. De lá de dentro só se ouviu quando ele disse: "Podes entrar, Maristela."
1 comment:
Caraca, Maristela é mais gente grande com 9 do que alguns com 30. Quando ela vai ser criança mesmo?
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