Tuesday, August 30, 2005

Porque eu quis

Ontem tive vontade de fugir. Sair do quarto. De casa. Fui até um lugar ao pé do rio (que não quero dizer onde era :P), sentei nas pedras e fiquei olhando em volta e ouvindo minha nova mania: Jamie Cullum. As baladas de jazz pareceram se encaixar perfeitamente com o som do Tejo nas pedras, o reflexo do céu na água e o vôo das gaivotas. Deitei e olhei para o céu azul, sem uma nuvem... tive vontade de chorar. Chorei, muito. As notas sofridas, a grandeza e a beleza da paisagem... Chorei porque eu quis. Tive vontade de sentir aquelas pedras em mim.Tirei os sapatos e arrastei os pés. Elas estavam ainda quentes do sol, e ásperas e firmes. Sentei. Aquela vista me inquietava. Tive vontade de fazer parte daquilo tudo. Desci até a água. É suja, mas não importa! Pus os pés numa pedra que há pouco tinha sido coberta pelo rio que começava a subir. Quando o rio me tocou, tão frio, tive vontade de mergulhar. Deixar para trás a música e ficar com aquele som intra-uterino de quando estamos debaixo d'água. Afundar, afundar e me fundir àquilo tudo de vez. Olhei em volta enquanto imaginava o que encontraria, o que sentiria se, de facto, mergulhasse. Foi quando vi as gaivotas... o sol se punha e elas pareciam brincar umas com as outras... voavam devagar e rasante. Algumas andorinhas voavam muito alto, em formação de V. Uma gaivota pousou na água, e eu tive vontade de ser um pássaro. E voar, e sentir o vento no rosto. Fazer força, sentir os músculos se contrairem e o prêmio: voar!! Entrei no carro, para voltar para casa, já era quase noite. Abri as duas janelas e corri. Ah, o vento!!
Saí de lá renovada. Cheguei em casa e tive vontade de cantar. Cantar novas músicas. Compus três. Em paz comigo mesma. Não sei se estão boas, falam de tudo, menos disto que acabei de falar. Mas não importa!
Hoje, quando vinha do barco para o carro, tive vontade de correr. Corri tanto, tanto, sem a menor necessidade, não tinha a menor pressa... mas corri, e saltei... foi ótimo!
Tem sido ótimo estar sozinha e poder fazer o que tenho vontade. Quero sentir muito. Tudo. Tenho vontade de estar viva!

Friday, August 12, 2005

Pior ainda

Quando eu vivia lá no Rio de Janeiro, andava por toda parte. No centro da cidade (q eu sempre amei, por ser tudo de melhor e de pior), no meu bairro, na zona sul... andava por todo lado. É óbvio que vi muitas das mazelas da cidade e era de partir o coração ver todas aquelas crianças e jovens a viver na rua, pedindo dinheiro, vendendo chiclete ou mesmo roubando para viver (isso sem falar naquelas que se envolvem no tráfico de drogas). Meninos e meninas que nunca foram à escola, que não têm família, que não têm futuro, que não têm esperança.

Aqui em Portugal, não há disso. Não há crianças abandonadas a viver na rua. Não há gangs de meninos de 13 anos a roubar no sinal. Todas as (poucas) crianças estão na escola, e o ensino básico (público) não é a tragédia que é no Brasil. Aqui no Montijo acho que não há nem cão vadio, quanto mais gente a viver nas ruas (aliás esqueci que não há mais ninguém além de mim a viver nessa cidade!!). Já em Lisboa, que é uma cidade muito maior, bem mais comparável ao Rio, existem alguns mendigos, e no caminho que eu faço todos os dias tem UMA cigana com UMA menina pedindo dinheiro. Todos os dias a mesma criança.

Mas aqui tem uma coisa que lá não tem: o problema dos velhos. Uma vila no cú de Portugal com (literalmente) 5 habitantes, todos com mais de 70 anos. Existe até uma lenda de um velhote que apanhou a velhota dele com o vizinho (também velhote) na cama, matou os dois e teve que se mudar de cidade, porque ele era o último que restava... As casas de abrigo e os hospitais carregados de velhinhos. Ou então, andam espalhados pelas ruas, pelas caves do metro a pedir dinheiro. Velhinhos que não têm família, que não têm futuro, que não têm esperança, literalmente, esperando pela morte, uma vez que "já estão no fim da vida".

O que, na minha opinião, faz esta visão muito mais cruel que a do Rio de Janeiro, é que ao contrário das crianças de rua, que nunca conheceram outra vida sem ser aquela, os velhos um dia já foram como eu e você: com planos, sonhos, metas. Tiveram casa, família, educação, amor, filhos, trabalharam e construíram algo, viveram uma vida a sério. E agora, no final, não têm mais nada, mais ninguém. É muito mais difícil ter tudo e passar a não ter mais, do que nunca ter tido! Além do mais, eu sei que é difícil, e que isso é apenas uma minoria, mas para as crianças e jovens sempre há tempo para mudar de vida e se reinserir na sociedade, através daqueles projetos sociais que tentam fazer a diferença, e que até fazem para alguns. Mas para os velhos? Bem, quem vai dar trabalho (ou ocupação) para alguém com mais de 70 anos? E quem, com mais de 70 anos, conseguiria trabalhar? Qual é o lugar dos velhos nos dias de hoje?

Vivemos mais, é certo. Mas para que?? Se é para acabar assim, salve Kurt Cobain! LIVE FAST AND DIE YOUNG!

ontem

Monday, August 08, 2005

  • Twentysomething
  • Juro que especialmente hoje eu gostaria muito de escrever algo. Fica então registrada a minha imensa necessidade de dizer tudo ao mesmo tempo mas muitas vezes não dizer nada...

    Friday, August 05, 2005

    Reflexão inofensiva

    Ultimamente nada de muito relevante tem acontecido. Alías, nem minhas reclamações cotidianas têm tido lugar: arrumei um emprego e estou trabalhando num call centre das 15h às 22h, de segunda à sexta (aliás, o homenzinho hj veio perguntar se eu queria trabalhar no sábado tb... NO WAY!!) Andei até meio sumida daqui do I must´ve simplemesnte por falta do q escrever! todos os dias têm sido o mesmo: acordar, comer, pegar o barco, trabalhar trabalhar trabalhar, voltar pra casa cheia de fome, jantar ver um filme ou ER e dormir.

    Mas ultimamente tenho tido um pensamento recorrente: frustração. Eu achava q o pior sentimento do mundo era o remorso e que o maior medo fosse a morte. Mas acho q estava errada!

    O pior sentimento do mundo é a frustração! Pensar tanto, tanto em algo, querer loucamente q akilo aconteça, achar q vai ser o máximo e.... não ser nada. Q fosse ruim, péssimo!! Pelo menos a gente ficava puto! Dava porrada, gritava, se descabelava, tirava as calças pela cabeça... mas não ser nada... toda akela emoção q vc acumulou com a espera e a ansiedade não tem vazão, e pronto. dá vontade de simplesmente sumir, deixar de existir!

    E morrer, bem, pior que morrer, deixar de existir, não sentir nada mais, nada, zero, fim... pior q tudo isso é a idéia de viver a vida toda frustrada!

    Mas não me levem a mal! Não estou deprimida (de novo), nem é TPM, nem a lua cheia. Foi só uma reflexão. Por agora e nos próximos 10 minutos eu vou continuar a me sentir bem comigo mesma por estar cumprindo minha parte no quadro social da minha vida, garantindo alguns trocados para fazer frente às minhas obrigações financeiras...